Neste momento de escolha e seleção dos melhores filmes exibidos durante a temporada 2013, enquanto os críticos dos EUA elegem em suas listas dos melhores filmes que sequer estrearam oficialmente nos cinemas de lá e em outros que continuam inéditos no Brasil, a crítica brasileira ainda está atrelada aos filmes premiados com o Oscar no início do ano
Nada menos de 5 filmes ainda inéditos nos cinemas dos EUA pontilham as listas dos melhores filmes de 2013, divulgadas, até agora, pela revista Time e as associações de críticos de cinema de Nova York, Boston e Los Angeles. Obviamente, esses filmes foram vistos pelos analistas em cabines exclusivas, pois serão lançados nas duas últimas semanas do ano, garantindo assim, indicações à premiações como o Globo de Ouro e o Oscar.
Esse lançamento retardado se dá justamente para que os filmes possam desfrutar de toda a divulgação que permeia os nomeados aos citados prêmios e assim ganhar a presença do grande público. Em Hollywood tudo é pensado, avaliado e executado meticulosamemte. Como dizem os analistas, Hollywood não dá murro em ponta de faca. Mas, essa é apenas a primeira leva de filmes que os brasileiros ainda não viram por aqui. Há uma segunda leva composta pelos filmes que estrearam nos EUA, estão nas listas dos críticos, mas não estrearam, ainda, no Brasil. Aí, a lista sobe para 10 e pode chegar a 15 filmes.
Essa seleta lista de filmes inéditos nos cinemas americanos é composta por 12 Anos de Escravidão (12 Yers a Slave, Inglaterra-EUA), de Steve McQueen; Her, de Spike Jonze; O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street), de Martin Scorsese; Trapaça (American Hustle), de David O. Russell, e Walt Nos Bastidores de Mary Poppins (Saving Mr. Banks), de John Lee Hancock, que estreia nesta sexta-feira, 13.
Os filmes que integram as listas dos que já estrearam por lá e não por aqui são Frozen – uma Aventura Congelante (Frozen), de Chris Buck; Fruitvale Station – a Última Parada, de Ryan Coogler; Ato de Matar (Act of Killing), de Josha Oppenheimer; Nebraska, de Alexander Payne; Inside Lwelyn Davis – Balada de um Homem Comum de Ethan e Joel Coen; The Spectacular Now, de James Ponsoldt, e Spring Breakers – garotas perigosas, de Harmony Korine, que desde setembro está disponível em DVD pela Universal. É quase certo que outros títulos devem surgir.
Mas, esses 12 títulos são apenas produções de Hollywood. Há, ainda, outras cinco produções estrangeiras que se destacam nas listas das associações estadunidenses: Azul é a Cor Mais Quente (La Vie d’Adele, França), de Abdelatif Kechiche; O Grande Mestre (The Grandmaster, Hong Komng), de Wong Kar-wai; O Sonho de Wajda (Wajda, Emirados Árabes), de Haifaa Al Mansour; The Broken Circle Breakdown (Bélgica), de Felix van Groeningen, além das animações O Vento Está Soprando (Kaze Tachinu, Japão), de Hayao Myiazaki; e Ernest & Celestine (França), de Stèphane Aubier e Benjamin Renner.
Até agora, ao todo são 18 filmes inéditos no Brasil que pululam nas listas dos críticos dos EUA, mas a quantidade ainda pode aumentar, dependendo da divulgação das listas das demais associações de críticos, as quais serão divulgadas ao longo desta a da próxima semana.
Do Oscar
Assim, são favoritos para as listas dos analistas brasileiros os eleitos na campanha do Oscar: A Hora Mais Escura, de Kathryn Bigelow, Django Livre, de Quentin Tarantino, O Lado Bom da Vida, de David O. Russell, Os Miseráveis, de Tom Hooper, O Mestre, de Paul Thomas Anderson, Indomavel Sonhadora, de Benh Zeitlin, Lincoln, de Steven Spielberg, além de Amor, de Michael Haneke, o qual considero horroroso, mas que é amado pela grande maioria da crtica, daqui e lá de fora, e Anna Karenina, de Joe Wright.
Eis o descompasso vivido pela crítica brasileira, porque os filmes que temos como referências de melhores, são aqueles que foram premiados no Oscar-2013 em fevereiro passado, os quais já tinham sido eleitos pela crítica estadunidense entre os melhores de 2012. Sacou? Por isso, as listas dos críticos brasileiros (e de outros países) estão sempre em atraso em relação a da crítica de lá. Temos o Oscar que já foi, a crítica americana o Oscar que virá.
Mas, nem tudo é Oscar. Há, ainda, a leva daqueles lançados nos EUA e no Brasil durante este ano e que são candidatos às listas dos melhores do ano. E nessa leva, salientam-se tanto realizações de Hollywood como estrangeiras. E, em minha análise, apesar de uma temporada de produções fortes e de altíssimas qualidades com a marca de Hollywood, a grande estrela é, sem dúvida, o cinema europeu. Hollywood tem a técnica e o dinheiro. O cinema europeu tem a criatividade e a ousadia.
Em pré-lista, aponto como destaques de Hollywood, A Viagem, de Tom Tykwer, Antes da Meia-Noite, de Richard Linklater, O Lugar Onde Tudo Termina, de Derek Cianfrance, Capitão Phillips, de Paul Greengrass, Meu Malvado Favorito 2, de Pierre Coffin e Chris Renaud, Frances Ha, de Noah Baumbach, Amor Pleno, de Terrence Malick, e, acima de todos, Gravidade, de Alfonso Cuaron. Posso ter omitido um ou outro título, mas me parecem ser, estes, os mais relevantes.
Entre as produções europeias lançadas no Brasil, destaco Barbara (Alemanha), de Christian Petzold; O Amante da Rainha (Dinamarca), de Nikolaj Arcel; Pietá (Coreia do Sul), de Kim Ki-duk; A Caça (Dinamarca), de Thomas Vinterberg; Depois de Maio (França), de Olivier Assayas; Hannah Arendt (Alemanha), de Margarethe Von Trotta, Camille Claudel 1915 (França), de Bruno Drumont; A Visitante Francesa (Coréia do Sul), de Hang Song-soo, Tese Sobre um Homicídio (Argentina), de Hernan Golfrid, além de Tabu (Portugal-Brasil), de Miguel Gomes.
No entanto, dezembro ainda reserva alguns lançamentos importantíssimos e que devem figurar nas listas: A Aventura de Kon-Tiki (Noruega), de Joachim Ronning e Espen Sandberg, finalista ao Oscar-2013 de filme estrangeiro, Um Estranho no Lago (França), de Alain Guiraudie, o coreano A Filha de Ninguém, também de Sang-soo, ambos eleitos entre os melhores pela Cahieurs Du Cinema, além de O Hobbit – a Desolação de Smaug (EUA), e Peter Jackson, presença nas listas dos críticos estadunidenses, os quais estreiam nesta sexta-feira. E, também, Monsieur Lazhar – o que traz boas novas (Canadá), de Philippe Falardeau, finalista ao Oscar-2012, em estreia na última semana do mês.
Só vale no circuito comercial
Lembrando que, pela tradição, a seleção dos melhores só é válida para os filmes lançados em estreia nos circuitos comerciais. Aqueles exibidos em mostras e festivais estão fora e poderão ser votados quando lançados oficialmente.
Neste cenário de compasso e descompasso, no entanto, nem os críticos e tampouco os cinéfilos têm do que se queixar. 2013 oferece, inquestionavelmente, uma brilhante temporada de ótimos filmes. E deixa evidente que 2014 será um ano tão privilegiado quanto este em termos de filmes de qualidade.
Por enquanto, críticos e cinéfilos passam a ter uma saudável dor de cabeça para selecionarem os melhores filmes exibidos em 2013.
Veja o trailer de Monsieur Lazhar – o que traz boas novas.
Clique aqui para assistir o vídeo inserido.
O post OS MELHORES DO ANO/2013 – o descompasso entre filmes e crítica, EUA e Brasil apareceu primeiro em Blog de Cinema.